quarta-feira, 3 de outubro de 2018

A infeliz vitória de Bolsonaro



Semana passada acordei assustado. Tive um sonho em que Bolsonaro era eleito no primeiro turno com uma vantagem significativa e confortável para o mesmo que aparecia na televisão com um ar de “eu já sabia”. O estranho foi que, no sonho, tinha um quê de resignação triste na minha resposta a esse resultado. Porém, ao acordar, eu estava sobressaltado e sem acreditar. Até que me dei conta que foi “apenas um sonho”. Ao relatar o sonho para pessoas próximas, algumas comentaram que, apesar do possível absurdo que seria isso, achava que não era tão irreal assim essa possibilidade.

Tenho ficado mais afastado de alguns debates mais calorosos em relação à presidência. Inclusive participo das redes sociais e acompanho em silêncio e fico tecendo algumas considerações comigo mesmo e com poucos amigos mais próximos.

Observando as ações e reações de todos os lados de uma boa parte das pessoas que está mais envolvido e empenhado nessa seara política atual, me vejo diante de um campo de batalha onde tem muita gente batendo e apanhando, e encontrando justificativas para bater mais, xingar mais, desmerecer mais, humilhar mais, odiar mais, etc.

Volto a pensar no meu sonho. Nem de longe acredito que ele é premonitório, que estou prevendo o futuro. Tenho muito mais uma perspectiva de que os meus sonhos revelam mais de mim mesmo, nos meus processos de autoconhecimento, do que qualquer outra coisa. No entanto, ainda assim, fiquei meditando um pouco sobre ele e lembrei de outro texto que já escrevi nesse blog:

Eu não sei se ainda é difícil para as pessoas que vão votar em Bolsonaro perceber que muitas das falas dele trazem uma energia de ódio. Falo em energia porque, quando falamos de discurso, parece que ficamos apegados ao conteúdo do que foi falado somente e não vemos que tem um tom, uma postura, vários gestos, julgamentos, preconceitos, juízo de valor, etc. Um conjunto de fatores que podem identificar o que aquelas palavras estão veiculando para toda a sociedade. Não acho que foi ele que inventou essa postura (como também sei que a corrupção no nosso país não se iniciou com o PT, ou só foi praticada por este partido). Acho que ele só está sendo um representante muito enfático de uma corrente de ódio que já estava na sociedade. Em alguns nichos mais declaradamente e, talvez na maior parte das pessoas, de maneira mais velada, menos explícita e mais encoberta. Acho que essa árvore do ódio já estava plantada no terreno do nosso país há muito tempo. Talvez valha a pena refletir, a partir de um ponto de vista histórico e sistêmico, como foi a nossa construção enquanto nação, o quanto as injustiças, as violências, as humilhações, exterminações, exclusões fazem parte da nossa herança sociocultural. Acho que todas as pessoas têm uma sombra e que, nos lugares mais escondidos dentro de nós, temos coisas que não gostamos de assumir para nós mesmos e, muito menos, para as demais pessoas. É muito provável que, devido ao fato de termos esse histórico, carreguemos muitas marcas em nossas vidas. Talvez todxs tragam muito sofrimentos dentro de si e isso também nos constitua enquanto sujeitos nesse tempo atual. Cada vez mais acredito que o que vivemos enquanto sociedade está vinculado a este passado coletivo, como também às biografias de cada um individualmente. Acho que é necessário que olhemos para dentro da gente. Em outro momento escrevo a minha perspectiva sobre a relação entre as nossas vidas, nossas dores e traumas, nossas lutas sociais e como isso pode afetar na maneira em como nos posicionamos nessas lutas. Não caberia aqui...rs

Voltando mais para o tema principal. Como falei no texto citado anteriormente, me preocupa como este clima de ódio e intolerância está espalhado em todos os lugares atualmente, incluindo os corações e discursos das pessoas que se sentem “lutando” contra o “fascista, opressor, machista”, etc. Se eu vejo o Bolsonaro como representante dessa energia, me parece que quando as pessoas que se identificam com a esquerda - ou com os valores historicamente defendidos por esta - se contagiam por este clima de ódio, sinto que ele se fortalece. Sempre achei que o maior perigo que corremos atualmente não é pela pessoa, ou figura pública do Bolsonaro, e sim pelas ideias e o clima de ódio que elas propagam. No entanto, me parece que uma boa parte das pessoas focaram na figura dele e se esqueceram que a intolerância que ele representa é que pode realmente prejudicar. Acho que, quando o foco foi para ele, muitas pessoas deram vazão a toda raiva e intolerância que também estavam contidas nelas com a justificativa de combater o mal, o fascismo e a intolerância.

Não sei se eu sou muito romântico, utópico, idealista ou alienado. Mas tenho, de verdade, uma dificuldade de entender como iremos combater o ódio e espalhar o amor, sendo agentes de toda essa onda de ódio que está sendo disseminada por todos os cantos. Tenho dificuldade de entender que, se chega para mim uma pessoa cheia de ódio, é eu respondendo com mais ódio ainda que irei melhorar essa situação. Ao meu ver, combater ódio com ódio gera mais ódio (essa frase me pareceu meio redundante... mas acho que não percebemos isso) E se o Bolsonaro está representando esse movimento, sinto que, independente do resultado das urnas no primeiro e segundo turno, ele já venceu. Conseguiu provocar em todo mundo, seja quem o apoia, ou quem está lutando contra ele, um clima de separação, desamor, desumanidade e exclusão do diferente. O pior que esta separação não se direciona somente a ele, mas se estende aos eleitores dele também. Não acho que todxs os eleitores de Bolsonaro se encaixe no perfil que muitas pessoas estão rotulando e generalizando. A sociedade é tão complexa que sinto que é muito raso tentar compreender todo o jogo de forças que está atuando nessas eleições de modo mais simplista.

Lógico que já escuto o que muitas pessoas já colocaram que não se pode tolerar o intolerante, deixar com que os discursos de ódio sejam propagados em nome da liberdade de falar. Não estou falando disso. Não acho que não temos que nos posicionar a favor do que acreditamos. A minha dúvida é se só podemos fazer isso sendo movido pelos mesmos sentimentos que estamos tentando combater. Ao meu ver, se existe uma árvore de ódio dentro da nossa sociedade, mesmo que parecendo que não, quem está lutando contra o “Coiso” (juntamente com tantos apelidos que também são desumanizadores) usando das mesmas “armas” que ele costuma usar – mesmo que o objetivo seja para não deixar os opressores passarem – estão regando e adubando esta árvore com a sua energia de guerra.

Deve existir alguma forma de se posicionar e se unir para construir uma sociedade mais justa e igualitária para todxs sem ser movido por esta energia. O brasileiro é visto como um povo tão criativo, mas parece que estamos mais propensos a dar vazão a estes sentimentos que, mesmo tendo componentes e justificativas diferentes, acabam reforçando este campo de batalha que está posto. Parece que estamos meio cegos de medo e de raiva. 

Vejo que mudar uma sociedade não passa somente pela escolha de candidatos aos cargos públicos. Essa parte é muito importante e acho que temos que debater e refletir muito sobre isso. Porém, tenho pensado que também é um ato de resistência política, com o objetivo de mudança, não ceder a esta tentação tão tentadora de pagar com a mesma moeda todas as violências sentidas na pele. A vida vai continuar depois das eleições. Acho que até poderemos evitar que o Bolsonaro se eleja presidente – seja pela grande mobilização das mulheres, pela tentativa dos votos estratégicos, pela campanha nas redes sociais, etc. – mas, se o saldo desse combate for o aumento de ódio de todos os lados, me parece que é uma questão de tempo para que tenhamos que estar nos enfrentando novamente, seja com ele mesmo ou com tantos outros que sairão fortalecidos nesse processo de fazer do ódio o motor da nossa vida social.

Talvez seja necessário uma reflexão muito profunda de todas as pessoas – incluindo as que se dizem mais humanizadoras e tolerantes: para se reconhecer o quanto estamos alimentando esse ódio entre nós mesmos; para que não tenhamos que escrever capítulos ainda mais obscuros na nossa história; para que não tenhamos que descer ainda mais profundo nesse poço,  para que possamos sair desse maniqueísmo raivoso de ver somente no outro a sombra do mal, violência e da intolerância que também nos habita.

Tem um trecho de uma música que eu gosto muito e que a Clara Nunes canta:
"Só quem mexe na terra
  Sabe o cheiro do chão
  Só quem faz uma Guerra
  Sabe o gosto da Razão"

Gosto muito de acreditar que já temos exemplos e conhecimento suficientes para não termos que criar uma guerra maior do que a que já está posta para podermos recordar e valorizar a importância da razão para a manutenção da sociedade.

Torço sinceramente que Bolsonaro não se eleja. Acho que isso seria uma vitória temporária. Votarei intencionando isso. Contudo, sinto que, se cada um não fizer a sua parte dentro de si, essa eleição não vai ser o mais importante no rumo que daremos aos próximos passos da nossa nação. Que possamos ter discernimento e sabedoria para lidar com tudo isso.

PS: Sei que tem muitas pessoas que acham que o clima de ódio atual foi gerado pelo PT e pela esquerda. Isso daria uma boa discussão, discordo desse ponto de vista, mas quis focar no candidato à Presidência por ele ser um representante maior de um movimento.

7 comentários:

  1. Legal o texto. Mostra uma visão de mundo diferente. Tento muitas vezes pensar como pensa um esquerdista ou um bolsonarista. Bem, o esquerdista, no meu ponto de vista, pensa de duas maneiras: é o que depende exclusivamente de programas sociais e acredita que só o governo do PT tem condições de entregar pra ele (geralmente o mais pobre e com menos estudo), ou o esquerdista romântico, que geralmente é classe média alta, ou professor de universidade publica de humanas, volta-se para o discurso social, combate a minorias, defesa dos LGBTs.
    Bem, analisando esse quadro atual, vamos aos fatos:
    1- vocês já pararam para pensar que o povo não aguenta mais essa ladainha de defesa de LGBT, combate as minorias, exclusão. Atualmente temos mais de 60 mil assassinatos por ano, incluindo LGBTs, mulheres (que são maioria), negros etc.
    2- Esse papo de "combater a desigualdade" e defesa do pobre foi um engodo, tendo em vista que atualmente nossa economia está com os mesmos índices de 2010 (ou seja), regredimos quase 10 anos - e o pobre não mudou de vida com isso, pelo contrário, está mais pobre.
    3- O discurso de mais gente na faculdade, em detrimento de roubalheira em programas como FIES e PROUNI, criou-se um rombo nas contas públicas e 40% dos estudantes universitários sendo "analfabetos funcionais", infelizmente. Isso é a realidade da educação brasileira, os piores índices do mundo.
    4- Papo de "ódio". Ódio a quem? Ordem de atacar alguém? declarações soltas, não podem ser considerado discurso de ódio. Vocês já perceberam que de tanto chamar o outro de fascista, nazista, e outros discursos pesados como esse, quem provoca o ódio é você? Pessoas acham que aquela pessoa é a pior pessoa do mundo, devendo inclusive morrer. Tanto que esfaquearam o Bolsonaro, e muitos comemorararm. O agressor, mesmo esfaqueando na frente de todos, não foi linchado ou morto, porque? Ele deveria, pois, os seguidores dele tem "ódio".
    5-Eu concordo em parte com o Eduardo Jorge, o Bolsonaro alimenta-se do PT. O próprio PT, com seus erros, sua bossalidade, sua ambição, criou o "Monstro" Bolsonaro. Agora, provavelmente, teremos ele como nosso presidente do Brasil. Tomara, que Deus abençoe, ajude o Brasil como Trump está ajudando a economia americana, mesmo sendo chamado durante a campanha de "machista", "fascista", iria criar a 3 guerra mundial etc etc.

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    1. Gratidão pela resposta, irmão.
      Fiquei só em dúvidas sobre onde você me enquadrou entre esquerdista ou bolsonarista. Penso que no primeiro, né?
      Então, não votei nas duas últimas eleições para presidente por não me sentir representado por ninguém na política.
      Sempre trabalhei com temas voltados para as áreas sociais e isso me deu uma visão muito ligada à necessidade de olharmos para os vários públicos que sempre estiveram e ainda estão em maior situação de vulnerabilidade social, por diversos motivos. Nisso você tem razão. Me preocupo muito com isso.
      Mas de algum tempo pra cá me desencantei muito com a política partidária. Os meus últimos votos foram do PT sim, apesar de nunca ter me filiado a nenhum partido. No entanto tenho pensado diferente de uns tempos pra cá, até passando por uma certa decepção de pessoas que me conheceram nessa época mais militante.
      Não tenho tido muita vontade de investir minha energia na política partidária, por reconhecer nela uma mesma estrutura carcomida que tende a se manter.
      Tenho dificuldades em me enquadrar totalmente como sendo de esquerda, porque parece que me afastei de várias coisas que as pessoas que se dizem de esquerda dizem ou fazem. Mas ainda me identifico com as principais bandeiras da mesma. Apesar de ser muito idealista, não acho que é o PT que vai nos salvar já há um tempo. Votei em Ciro no primeiro turno (não sem críticas)
      Durante os últimos 05 anos tenho ficado mais recluso em termos de participação política e estou querendo voltar a estar mais atuante, mas de um lugar muito diferente. Tenho pensado muito mais sobre como cada pessoa pode ser responsável por alguma mudança que esperamos que os políticos façam por nós. Estou um pouco cansado de depender de políticos para fazer determinadas coisas e quero mover energias para poder mostrar que as pessoas individualmente tem muito mais poder do que a gente imagina e podemos colocar ele em movimento.
      Voltei a votar e emitir alguma opinião sobre este momento político porque, apesar de parecer alarmista demais para as pessoas que votam em Bolsonaro, senti receio de que estejamos construindo uma possibilidade de governo que seja tão autoritário que não permita esses questionamentos, que não permita uma mobilização que cobre deles o que eles são eleitos para fazer.
      Em relação ao discurso de ódio, durante o curso de psicologia tivemos muitas discussões o quanto a linguagem cria a realidade. E concordo com você que as pessoas de esquerda alimentaram muito ódio também com a justificativa de estar combatendo o fascismo. Este post é justamente sobre isso.
      Queria estar como você, otimista em relação ao governo dele. Ainda estou pensando em como tentar garantir um estado que não nos oprima a tal ponto que eu não possa falar abertamente os meus pontos de vista, que eu não possa colocar meus projetos em ação porque vai parecer coisa de esquerdista, comunista ou algo o tipo. Não votarei no PT porque acho que ele é o melhor partido desse momento. Já não acho há algum tempo. Mas parece que ele ainda é necessário, visto que não conseguimos criar outra realidade para fazer frente a este perigo que eu acho que nos ronda enquanto nação.
      Sei que pode parecer uma viagem esse medo de uma ditadura ou um governo tão autoritário que coíba as pessoas na sua existência. Mas por eu achar que o dano pode ser tão grave, não quero nem correr o risco. E olha que nem me enquadro em grupos minoritários que foram alvejados no discurso de Bolsonaro. Sou homem, hetero, cis genero, não sou negro e estou relativamente estável na minha vida. Não é por mim mesmo que me preocupo, mas sim por toda uma sociedade misturada, complexa e que pode entrar ladeira abaixo caso não tenhamos cabeça para buscar soluções que não podem ser mágicas e simplistas para lidar com essa complexidade.
      Vou escrever outro texto que fala sobre isso.
      Gratidão novamente pela possibilidade de trocarmos uma ideia.
      Um abração pra ti.

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    2. PS: Lembrei dos velhos tempos de CEFET onde a gente já tinha ideias muito diferentes, mas conseguíamos conversar de maneira muito saudável, respeitosa e construtiva. Aprendi muito com a nossa convivência. Saudades que não passa nunca.

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  2. Meu amigo! Perdoe-me com minhas palavras. Deus te abençoe! saudades de você! Eu quando quis dizer esquerdista eu quis dizer de quem é cego pelo PT/LULA. Ah, faltaram os artistas. Em nenhum momento me referi a você até porque você não falou nada no texto sobre ser petista. Eu votei no LULA 2x, mas dai comecei a pensar bem e observar o plano ou projeto de poder do Partido dos Trabalhadores. Nao sei se você lembra, mas foram o Mensalão, Petrolão, compra de parlamentares. O Petrolão foi o maior esquema de corrupção do mundo. Fora isso, tivemos muitos casos históricos, com a notícia da Heloisa Helena falando que o PT era disposto a tudo, o caso Celso Daniel, etc etc. Tivemos também o alinhamento de Cuba, Venezuela, Brasil. Você fala de sermos uma ditadura? QUal tipo? Da que o Brasil teve de 64-85 ou a da Venezuela/ Cuba? A que tivemos em 64-85 foi uma "Pisa" de sandália em quanto a cubana foi "enforcamento em praça pública". Não dá para comparar. Ok. Não iremos ter ditadura, militar, principalmente. Mas a Venezuelana.
    Mano, já estudou a história da Venezuela? O Chavez governando 3 vezes e passando pro Maduro mais 3. Estatização dos meios de comunicação. Estatização das empresas nacionais, criação de uma guarda nacional bolivariana, compra dos militares das FFAA; desarmamento da população, uso de urnas eletrÕnicas inauditáveis (Venezuelanas).
    Bem, amigo, posso estar errado, mas atualmente não temos espaços para "ditaduras" como no passado, ao molde da cubana e chinesa, ou russa. A revolução vem no tipo "Levante do Maduro", em que vai se produzindo um populismo exarcebado na população mais pobre, mais suscetível a ser comprada, devido à situação de pobreza, e escolaridade. INfelizmente, o PT fez a mesma coisa com o Brasil nessa parte também.
    Outra coisa Guiga, o que acontece no Brasil com a nossa educação? Criamos vagas nas universidades para pessoas que nao tinham condições de terminar o ensino médio. Inverteu-se a pirâmide, e temos hoje um montão de engenheiro virando uber. Infelizmente temos quase 14 milhões de desempregados. Temos um partido que errou bastante, mas NUNCA FEZ UMA AUTOCRÍTICA sobre os erros do passado, botou a culpa nos que pediram o impeachment.
    Pois é. Para a democracia, mano, a melhor coisa é a alternância do poder! PT nunca mais! A não ser que mudem, o que é difícil. Nunca mais. Perdoe-me se te falei alguma coisa que te ofendeu. Acho incrível seu trabalho com pessoas que tiveram problemas de traumas e abusos mano. Sensacional! Psicólogo do caramba você é! abc

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    1. o ruim é que não dá pra editar. Vários erros de portugues. Se tu não entender me fale aí!
      abração!

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    2. Olá, irmão... não me ofendeu não. Não se preocupe. Fiquei só em dúvidas de que lugares a gente estava se falando. Tudo bem.
      Então, eu tenho dificuldades de relativizar o que aconteceu em nosso país durante a ditadura, ao comparar com outros lugares que foi pior. Que bom que não foi pior, mas que ruim que já tivemos mais essa passagem horrível na nossa história. Não vivi a ditadura brasileira, mas vejo que não deve ter sido nenhum pouco fácil para quem viveu e não gostaria de viver novamente, nem que fosse uma "Pisa" de sandália, tal como foi...rs
      Provavelmente nossa conversa nem poderia estar acontecendo.
      Em relação ao PT tenho minhas críticas também, não do mesmo jeito que você tem...
      Acho a questão da autocrítica um ponto crítico também. Mas como eu falei, estive um tempo afastado das discussões e não sei se essa percepção pode ser questionada por quem esteve mais à frente dos movimentos.
      Concordo contigo que o melhor seria termos um governo diferente para esse momento do país. Só não consigo realmente ver uma luz no fim do túnel sendo Bolsonaro o que vai dar continuidade aos rumos do nosso país.
      Fiquei com uma dúvida sincera: Você, sinceramente, não acha que esses relatos, pós- segundo turno, de tantas agressões e intimidações não são uma prévia já preocupante do que nos espera com a eleição dele?
      Algumas podem até se fake news. Mas estou vendo gente bem perto de mim falando dessas situações.
      Se antes de se consolidar presidente já está assim. Penso como será depois. Pensa bem. Não só em você, caso você sinta que não pertence aos grupos que já estão sendo perseguidos e podem ser ainda mais.
      O que eu acho perigoso e até irônico, em certa medida, é que muita gente que não se enquadra nas minorias pode voltar imaginando que não vai ser muito ruim assim. Mas, caso um governo autoritário assuma, pode ser, que depois, essas mesmas pessoas sejam perseguidas caso pensem diferente posteriormente.
      Espero que ainda dê tempo de não precisarmos passar por isso.
      Abração pra ti!

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    3. Em relação ao meu trabalho, o projeto Revelando-Ser está sendo bem intenso. Demanda bem difícil, por vezes a própria equipe tem trabalho para podermos estudar e dar conta de fazer as rodas de conversas, palestras, etc.
      Mas está sendo muito bom, realizador poder ajudar pessoas a passarem por um desafio tão difícil. Valeu pelo incentivo!
      Mais abraços.

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