sexta-feira, 26 de março de 2021

Palestra no I Fórum Nacional de Educação e Enfrentamento ao Abuso Sexual na Infância e Adolescência



 
Ontem eu participei do I Fórum Nacional de Educação e Enfrentamento ao Abuso Sexual na Infância e Adolescência.

Eu trouxe a temática principal do projeto Revelando-Ser: Pessoas adultas que foram abusadas sexualmente na infância e adolescência. Abordei alguns aspectos mais psicológicos e sociais que atravessam a vivências das pessoas adultas. 

Para quem não pôde assistir ontem, segue o link do canal do youtube da ONG REVIVER Araras.

Link da Palestra  

quinta-feira, 18 de março de 2021

#25| Podcast Revelando-Ser| "REVELANDO FILMES: No limite do silêncio (2001)"



 


Para escutar o episódio, clica aqui: #25| REVELANDO FILMES: No limite do silêncio (2001)

ALERTA DE SPOILER!

Os filmes que tocam na temática do Revelando-Ser têm sido um instrumento muito facilitador para que possamos compreender um pouco mais sobre toda a complexidade, nuances, desafios e possibilidades dentro do trabalho com as pessoas adultas que foram abusadas sexualmente na infância e adolescência.

Neste quinto episódio do REVELANDO FILMES conversamos sobre o filme "No limite do silêncio" (1991).

Escolhemos esse filme por sentirmos que ele toca em pontos muitos importantes para refletirmos sobre o abuso sexual contra crianças e adolescentes, bem como seu impacto no desenvolvimento da personalidade da pessoa vítima dessa violência.

Abaixo a sinopse:

Michael Hunter (Andy Garcia) é um psiquiatra que fica arrasado quando seu filho adolescente, Kyle (Trevor Blumas), se suicida. Este fato provocou a separação do casal, pois Penny (Chelsea Field), sua ex-mulher, o culpou pelo acontecido e na verdade ele também se considerava responsável pelo fato. Três anos após o suicídio, Michael não dá mais consultas e só dá palestras e escreve livros. Até que Barbara Wagner (Teri Polo), uma ex-aluna, lhe pede para examinar o caso de Thomas Caffey (Vincent Kartheiser), um garoto que foi marcado por uma tragédia familiar. Com a mãe morta e o pai preso Tommy foi para um orfanato, mas agora, quando ele está prestes para completar dezoito anos, será liberado, sendo que Barbara sente que ele ainda não está pronto. Inicialmente Michael se recusa a tratar do caso, mas gradativamente se interessa e vai conversar com Tommy. Logo que Tommy e Michael se encontram as barreiras entre médico e paciente ficam confusas, pois entre eles há mais alguém e este alguém é Kyle. (http://www.adorocinema.com/filmes/filme-36728/)

Para conhecer mais sobre o projeto, visite o site revelandoser.org, pelo Instagram @revelando_ser ou pelo e-mail revelandoser@gmail.com

Ficha Técnica

Vozes: Guilherme Assunção e Quezia Cordeiro

Edição e Vinheta: Marcelo Sena

Realização: Projeto Revelando-Ser

Gravado no dia: 11/03/2021


quarta-feira, 17 de março de 2021

A pandemia enquanto reforçadora do MEU Muro do Silêncio


Como está enfatizado no título, tudo que escreverei nesse texto falam de atravessamentos meus, sem a intenção de avaliar, julgar, criticar ou guiar outras pessoas nas suas experiências com a pandemia.

Esse título me suscita vários aspectos diferentes que poderiam ser trazidos para esse texto. Existem alguns dados mostrando que houve um aumento do número de abusos sexuais contra crianças e adolescentes ao longo desse período de pandemia. Para não ficar ainda maior o texto – quem me conhece, sabe que eu tento não falar muito...rsrs – irei deixar alguns links que podem ilustrar melhor.

Abusos contra crianças e adolescentes aumentam durante a pandemia

Abuso sexual infantil na internet aumenta durante isolamento, diz Europol

Abusos contra crianças crescem até 12 vezes na pandemia em São Paulo

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Mas não é dessas situações todas que quero falar hoje. Quero falar de um reforço muito particular, sobre o qual venho tendo clareza de maneira muito incipiente até o momento.

Desde a minha última postagem, no dia do meu aniversário, que eu não tive muita energia para voltar às redes sociais. Agradeci a maior parte das pessoas, mas fiquei sem dar resposta para tantas outras. 

No começo achei que era um certo cansaço depois de terminar o curso de extensão que eu estava facilitando ao longo daquele mês. Mas achei que logo em seguida, eu retomaria as atividades.

Eu tinha muitos motivos para isso: 

1- O término do curso para mim foi de uma potência que ainda quero falar mais sobre ele;

2- Estamos com uma segunda turma do mesmo curso para iniciar em abril; 

3- Diante do retorno de muitos participantes que querem continuar se aprofundando mais na temática, vamos realizar em junho um curso de aprofundamento com quem participou dessas duas primeiras turmas;

4- Tenho outros movimentos para fazer dentro do projeto Revelando-Ser que podem ser ainda mais realizadores e capazes de ajudar ainda mais gente.

Ou seja, eu estava muito animado, muito empolgado com tudo que estava e ainda está acontecendo nesse meu momento profissional.

Mas eis que, de repente, eu não me sinto com energia para voltar para as redes, para os grupos, para continuar no movimento que eu estava fazendo e que estava super bom. Eis que eu entro no mode off e demoro muito para retornar. Na verdade essa postagem é o que está marcando meu retorno. Duas semanas depois do meu aniversário.

Esse sumiço não foi programado, não foi desejado e, posso até dizer que não foi percebido. Simplesmente parece que os dias foram passando e eu não reapareci.

Ao ler uma postagem da minha amiga Isadora Dias (@psicologa.isadoradias), me veio forte o que eu já tinha sentido no meu aniversário e que achei que tinha passado: um sentimento de confusão e ambiguidade em relação aos meus projetos, sonhos, vida, alegrias e todo o contexto nefasto que estamos vivendo com a pandemia.

Nesta pandemia eu estou fazendo parte de um grupo que está conseguindo atravessar esse momento com muitas limitações, mas que nem se comparam com enorme quantidade de sofrimentos que tantas outras pessoas estão passando. 

Só trazendo um dado concreto mais concreto: eu não perdi nenhuma pessoa próxima de mim por conta do COVID-19. Fico apreensivo por isso todos os dias, tentando ter todos os cuidados, mas não tive essa experiência que vemos que está atingindo a tanta gente.

Tenho tentado encontrar um equilíbrio diário complexo, sofrido, frágil entre estar por dentro das coisas que acontecem, não me alienar de tudo que estamos vivendo pessoalmente, socialmente, politicamente, etc. e não me deixar abater por tantas coisas ruins, por tanta desesperança, por tanto sentimento de impotência, angústia, tristeza, revolta, etc.

Quando a pandemia pareceu ser algo que passaria logo (nem sei se existiu esse momento dentro de mim para além de uma tentativa vã de achar que as coisas não seriam tão ruins), parecia ter um sentimento de "agora não é hora de fazer determinadas coisas, agora é hora de sobreviver, de cuidar de si e de todes, na medida do possível". Parecia que outros sonhos e planos deveriam aguardar um pouco até chegar um momento mais oportuno, um momento menos urgente e sofrido, para se falar de outras coisas que não fossem diretamente relacionadas com a pandemia e todos os efeitos dessa tragédia. 

Mas o tempo veio passando e estamos no pior momento da pandemia. Aí eu volto pro começo da historinha: o que é que tem a ver tudo isso que eu estou falando com o MEU muro do silêncio?

Diante de tudo que estamos vivendo parece quase que errado eu ter estado tão empolgado, tão cheio de vitalidade e de sonhos há 15 dias atrás. Como eu falei antes, foi estranho celebrar a minha vida, quando tudo está tão rodeado de mortes.

Eu terminei o dia 03.03.2021 pulsando com tanta coisas boas que estavam e ainda estão por vir, mas em algum lugar dentro de mim eu me julguei, me condenei e sentenciei que dentro de um contexto tão sofrido não caberia tanta motivação, empolgação e alegria. "Como você pode estar tão feliz quando ao seu redor tantas pessoas sofrem?". Aí chega no Muro do Silêncio que tenho falado tanto nos últimos tempos: "Qual a importância de falar de pessoas adultas que foram abusadas sexualmente e os seus sofrimentos, quando tem tanta gente morrendo aos montes e tanta gente sofrendo por tanta coisas do momento presente?".  Já existe um muro do silêncio enorme em volta da temática do abuso sexual. Esse assunto parece nunca ter o momento "certo" de se falar sobre ele. Venho trabalhando diariamente para desconstruir essas ideias, mas me senti envolvido por elas nesse momento trágico da nossa sociedade.

É como se, diante do absurdo ao qual estamos vivendo neste momento, qualquer assunto que não fale sobre a pandemia, sobre um desgoverno que faz da morte seu projeto político, sobre estratégias de amenizar tanto o nosso sofrimento diário, beira a uma postura que não está implicada socialmente e politicamente. Qualquer fala que venha trazer outras situações, ainda mais com esse clima de empolgação que eu estava, parece ser um lugar de alienação e de não estar falando do que importa neste momento. Falar de abusos sexuais parece off-topic atualmente.

Tem um dentro de mim que não concorda com isso. Já falei sobre isso antes e reconheço o quanto as coisas que proponho são importantes e que, assim como tantas outras pessoas, tenho o direito de nutrir coisas que fazem sentido para mim. Mas tive que reconhecer que o meu sumiço das redes se deu por vários sentimentos desses que nem sequer eu os estava conseguindo nomear. Como sei racionalmente disso, parece que acredito estar imune a todo esse atravessamento de sofrimento que chega por todos os lados. Mas tive que reconhecer que essa ambiguidade fica funcionando em segundo plano, drenando parte da minha energia e entusiasmo com a minha própria vida.

Qual o nosso lugar diante disso tudo? Quanto consigo suportar vê tantos sofrimentos? Quanto me perco nesse mergulho? Como continuar sendo guarida para outras pessoas envolvido por tanta desesperança? Em que medida o meu procurar estar bem pode ser somente uma defesa para não entrar em contato com uma dor que já está mais profunda?

Teriam tantas outras perguntas.

Não tenho solução para isso no momento. Só sinto que, ao conseguir nomear para mim esse interdito, essa proibição, consigo reconhecer o quanto não faz sentido ficar paralisado e estou retomando hoje as minhas atividades, não ficando refém do meu/nosso sofrimento.

Chego mais inteiro para dar andamento a tudo que sinto dentro de mim.

Hoje à noite estaremos juntes, eu e Isa, numa live no insta dela para conversar um pouco mais sobre tudo isso.

E vocês como lidam com tudo isso?

segunda-feira, 15 de março de 2021

#24| Podcast Revelando-Ser| "O dano da violência psicológica no abuso sexual"

 


Para escutar o episódio, clica aqui: #24| O dano da violência psicológica no abuso sexual

Neste episódio continuamos a tomar como base o filme "O príncipe das marés (1991)" para refletir sobre o contexto em que o abuso sexual acontece e a importância de reconhecermos como as violências psicológicas podem agravar ainda mais os danos causados por esta situação.

Ressaltamos que ainda parece haver uma percepção social de que uma violência que não é física não é tão violenta assim, sendo necessário não subestimar o impacto que a violência psicológica pode ter na vida das pessoas adultas que passaram pelo abuso sexual na infância e adolescência.

Para conhecer mais sobre o projeto, visite o site revelandoser.org , pelo Instagram @revelando_ser ou pelo e-mail revelandoser@gmail.com

Ficha Técnica:

Vozes: Guilherme Assunção e Quezia Cordeiro

Gravação, edição e vinheta: Marcelo Sena

Realização: Projeto Revelando-Ser

Gravado no dia: 12/02/2021


quarta-feira, 3 de março de 2021

Celebrando a vida!

Hoje é meu aniversário!

E, tal como já é um pouco clichê, passei o dia pensando sobre a minha vida, sobre o que já foi vivido e para onde ela tem apontado nos últimos tempos.

Passei o dia de hoje na companhia da minha família: minha esposa, meus filhos e uma cachorrinha que tem nos tirado a paciência em muitos momentos...rs

Estranho me sentir convidado a celebrar a minha vida num momento onde a morte tem se tornado tão concreta em tantos lugares diferentes. Estranho receber tanto carinho e felicitações quando sei que muitas pessoas estão passando por situações limítrofes em suas vidas.

Mas, sem deixar de ser atravessado pela ambiguidade, me senti podendo celebrar. Passei o dia de hoje trabalhando, atendendo alguns clientes e, principalmente, organizando uma última aula que darei hoje à noite para finalizar um curso de extensão que começou há um mês.

Pensei comigo: “noite do meu aniversário e o que estarei fazendo? Trabalhando! Rsrs.

Mas não é somente trabalho.

Decidi ser psicólogo quando estava com 15 anos passando por um monte de confusões que pareciam não ter fim e foi nesse espaço que consegui me encontrar. Naquele momento escolhi o que queria fazer para o resto da vida: ajudar pessoas a passarem pelos seus momentos mais difíceis. É fato que eu não fazia lá tanta ideia de tanta coisa que estaria envolvida nessa escolha, mas fiz de maneira muito verdadeira. E isso que tenho feito de lá pra cá.

Atualmente, trabalhar com o que eu trabalho me traz um sentido maior para a vida. Logo eu, que, durante muito tempo, achei que não tinha lá muito sentido estar vivo.

Trabalhar especificamente com a temática do abuso sexual tem me preenchido de maneira muito significativa nos últimos anos.  Eu me sinto realizado a cada pessoa que tenho podido ajudar, a cada profissional que consigo tocar para despertar mais reflexões no intuito de promover, a longo prazo, uma mudança maior na sociedade em relação a este tema. Este tema me toca de várias maneiras, desde um lugar mais profissional, até atravessando a minha vida por estar tão próximo de mim, na minha família, amigos muito próximos, etc.

Com esse curso de extensão, e outros desdobramentos que já estão vindo com ele, sinto que começo a alcançar ainda mais pessoas, começo a me sentir ainda mais realizado e faz todo o sentido do mundo, comemorar meu aniversário dando mais passos nessa direção.

Quero muito agradecer ao pessoal do @conexaoformativa pelo convite, por abrirem espaço para esse movimento todo acontecer fora e dentro de mim.

Há quem diga que um mês que antecede o dia do aniversário é um momento de muitos desafios... Eu tive sim alguns deles. Mas foi mais significativo ter passado esse período preparando, incentivando, nutrindo, organizando e compartilhando tudo que tem feito muito sentido para mim com outras pessoas e ver no retorno delas o quanto aquilo também fazia sentido para elas.

Então, ao pensar no passado, presente e futuro, sinto uma sensação de contentamento, de poder seguir o fluxo da vida com mais leveza e direção. Já foi tudo muito difícil e quero muito poder ajudar outras pessoas a sentirem que a vida pode ter muito mais sentido do que tem nesse momento. Por isso escolhi a imagem da postagem. É um pouco disso tudo que esse processo descreve.

Gratidão a todes que contribuíram comigo durante essa jornada!

Simbora que a aula está quase começando! Rsrs

Em breve trago outras novidades!