quarta-feira, 8 de setembro de 2021

O Muro do Silêncio em Mim


Já faz um tempo que eu não apareço por aqui para falar dos meus projetos, né?
Passei esses últimos tempos mais recolhidos, sem falar mais sobre o tema que venho trabalhando nos últimos anos: pessoas adultas abusadas sexualmente na infância e adolescência.

Tenho falado muito sobre o MURO DO SILÊNCIO que existe em volta desta temática e apesar de me sentir bem crítico e dedicado a me aprofundar em muitas questões que dizem respeito ao abuso sexual, tive que reconhecer que este muro do silêncio TAMBÉM ESTÁ EM MIM e de várias formas. Algumas destas facetas já reconheço há tempos e venho me trabalhando para não me alienar e deixar de levar elas em consideração.

Como se deu esse reconhecimento?

Na última live que fizemos pelo Projeto Revelando-Ser falamos sobre o documentário “Athlete A”, que está disponível na netflix e conta a história de um médico que abusou sexualmente de mais de 100 adolescentes que faziam parte da equipe de ginástica olímpica dos EUA. Ao assistir novamente ao documentário, ficou muito gritante o quanto “é fácil” para um HOMEM estar num lugar de violentar uma CENTENA de MENINAS durante tanto tempo e ainda ficar sendo protegido por uma estrutura social que o acoberta. Quando terminei fui me sentindo meio triste, quase que enojado pela condição de ser homem dentro da nossa sociedade.

Escutar os relatos das mulheres, como tantos que já escutei no consultório e na vida, me fez “lembrar” do quanto as DIMENSÕES SOCIAIS e CULTURAIS que atravessam o abuso sexual perpassam pela questão de GÊNERO, lembrar de como a violência sexual está inserida e reforçada dentro de uma estrutura maior que é o MACHISMO.

Eu aspeio o verbo “lembrar” porque eu já falo sobre isso nas minhas palestras, cursos, podcast, etc. Esse reconhecimento não é uma novidade para mim. Porém, diante desse documentário, eu comecei a pensar sobre qual era O MEU LUGAR DE FALA dentro desse trabalho que desenvolvo de maneira tão dedicada. E me surpreendi com o fato de, apesar de citar o machismo como uma estrutura importante para se compreender o abuso sexual, eu nunca parei para realmente enfatizar essa relação.

Não parei para reforçar o quanto é importante que compreendamos os abusos sexuais dentro dessa teia maior de RELAÇÕES DE PODER que vulnerabiliza homens e mulher, é verdade, mas que tem, primordialmente, na sua base, um lugar de PRIVILÉGIO do lugar do homem em relação à mulher.

E eu me perguntei sobre o porquê desse elemento tão fundamental ter “me escapado” ao longo dos anos. Por que que, mesmo me dedicando tanto a problematizar tudo que tem a ver com o abuso sexual, “coincidentemente”, não procurei me debruçar mais sobre essa relação tão importante?

E a resposta veio nua e crua, de uma forma que eu nem esperava. Porque isso NÃO ME INCOMODA TANTO dentro do MEU LUGAR DE SER HOMEM na sociedade. Mas assim que eu respondi isso, me peguei perguntando: Mas como assim? Você não escuta tantas mulheres falando disso? Você não se importa tanto com elas, verdadeiramente? Você não estuda sobre isso há tanto tempo? E a resposta para todas essas perguntas foi sendo: Sim, sim, sim e sim!

Mas ainda assim me restou uma sensação de que o muro do silêncio é tão grande, é tão estrutural, que, por mais paradoxal que possa parecer, mesmo eu me dedicando a desconstruir esse muro, o fato de eu ser homem dentro da nossa sociedade me fez não priorizar essa parte da dimensão estrutural. Mesmo me trabalhando muito, ainda é difícil RECONHECER OS PRÓPRIOS PRIVILÉGIOS e as VIOLÊNCIAS que também são cometidas a partir deles.

Logicamente que eu tenho um argumento muito bom para me justificar por essa omissão: O MURO DO SILÊNCIO em relação ao abuso sexual, e ainda mais especificamente às pessoas adultas que foram abusadas sexualmente na infância e adolescência, É TÃO GRANDE que eu tenho MUITAS coisas para compartilhar, refletir, sensibilizar as demais pessoas que não faltam assuntos para falar em todos os lugares que eu vou. Sempre falo que é preciso TEMPO para se compreender esse GRANDE QUEBRA-CABEÇA e as peças são muitas.

Mas depois desse recolhimento recente eu paro para aceitar que não foi somente por isso. Me veio uma frase muito forte nessas reflexões: Se fosse uma MULHER que puxasse mais as questões teóricas do projeto Revelando-Ser, as temáticas do MACHISMO, PATRIARCADO, RELAÇÕES DE PODER, etc. já teriam sido, radicalmente, mais ENFATIZADAS, ELABORADAS e COMPARTILHADAS ao longo desse tempo de projeto.

Foi um processo de despertar meio esquisito, por me parecer que não tinha nenhuma novidade que se apresentava a minha frente. Foi mais um lugar de gerar esse ESTRANHAMENTO dentro daquilo que PARECE SER NATURAL.

Lembro de uma frase de uma professora de psicologia social que eu tive na UFPE: “precisa ser um peixinho muito metido a besta para perceber que onde ele vive é molhado!” Fiquei me cobrando por ter percebido essa ausência logo. Mas estou me trabalhando para compreender que a estrutura aprisiona a todes, inclusive a nós profissionais.

O fato de eu ter me pego de surpresa, alimentando estruturas dentro de mim que me fazem olhar menos para alguns aspectos de toda essa complexidade me leva a estar mais atento para os profissionais que estão no lugar de acolher as pessoas adultas que passaram por essa situação de abuso.

Quando eu parei para reconhecer que, mesmo com toda imersão e dedicação ao longo dos anos, ainda tenho aspectos que me constituem e que me fazem reproduzir de maneira tão natural, por exemplo, ter menos interesse por evidenciar as relações de poder que estão na base das violências diárias que acontecem na nossa sociedade, me perguntei: E os (as) demais profissionais que nem pararam para se deter um pouco mais sobre estas questões? Será que estão atentes para a complexidade desse quebra-cabeça? E se não estiverem, será que não precisamos falar mais sobre isso?

Temos recebido muitos relatos no Revelando-Ser que nos mostram que muitas pessoas adultas que procuraram uma ajuda profissional, encontraram respostas que não ajudaram em nada, inclusive aprofundaram ainda mais uma dor que já era dilacerante.

Então, estou querendo me dedicar mais a problematizar e sensibilizar todes profissionais a se dedicarem um pouco mais a olhar para essa temática.

Mas explico melhor sobre isso em outro post ou vídeo.

Por ora só quis sair do meu lugar de silêncio para dizer que, apesar das contradições desse percurso, quero muito continuar compartilhando com vocês as coisas que vivo e aprendo, para que possamos desconstruir, verdadeiramente, esse muro do silêncio estrutural que aprisiona tanta gente.

 

 

Independência??? 07 de setembro de 2021

 


Quanto tempo sem passar por aqui...rsrsrs
Estarei voltando aos poucos.

Hoje retomo com essa mania chata de ver política em tudo.

Mesmo estando meio afastado das redes, não consegui deixar passar batido o nosso 07 de setembro de ontem. Apesar de não mobilizar muita energia para atuar de alguma forma, me senti bem preocupado ontem. Não quis pensar muito sobre, apesar de acompanhar algumas reportagens e postagens sobre. Acho que tem muita gente boa escrevendo sobre como é alarmante e grave o momento que estamos vivendo no nosso cenário político. Por isso não vou me alongar muito em análises.

Mas, estava assistindo a uma animação com a minha filhota aqui em casa e não deixei de me sentir incomodado com algumas cenas desta. Compartilho com vocês somente um vídeo do início do filme “O Lorax: Em busca da Trúfula Perdida (2012)” que assisti no Netflix. Eu gostei do filme, apesar de não ser uma animação das melhores. A mensagem dele é de fácil acesso para as crianças e pode fazer com que nós, adultes, reflitamos também sobre a maneira como vivemos nossas vidas.  

Quando eu escutei a letra dessa música inicial e o clima animado com que os personagens cantam fiquei achando bizarro e quase paro de assistir ao filme. Mas depois percebi que o meu incômodo foi porque, guardando as devidas proporções e limitações dos temas abordados, achei parecido com que estamos vivendo atualmente no nosso momento político. Também vivemos um momento muito bizarro. Lembrei das dancinhas da época das eleições de 2018.  Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência. Mas ali, às vésperas das eleições, apesar de tudo que Bolsonaro já vinha anunciando com falas e posturas, ainda se parecia ter um quê de “queremos uma mudança”. Mas nesse 07 de setembro de 2021 não se tem nem mais essa desculpa. Ver que muitas pessoas continuam apoiando o atual presidente, apesar de tudo que vem acontecendo e como as coisas estão no nosso país, é bastante frustrante para mim!

Voltando a animação. Só para vocês terem ideia do meu incômodo: nela o contexto é de uma cidade que não tem mais nenhuma árvore natural. As que existem são todas de plásticos, fabricadas. Por conta disso, um empresário consegue mandar em todas as pessoas porque ele, simplesmente, vende ar puro e por ser muito lucrativo esse negócio ele tenta de todas as formas fazer com que ninguém se interesse nas árvores de verdade. E as pessoas estão tão adaptadas a este tipo de vida que o defendem porque se sentem felizes em viver como vivem. Logicamente com uma grande dose de manipulação, fake News e uso da violência por quem está no poder.

Assistam ao vídeo e vejam como as pessoas estão felizes cantando suas próprias desgraças e não problematizam como seria melhor mudar. Lembrei de outra animação, “Wall-E (2008)”, a qual também fala da relação com o meio ambiente e da alienação que paira sobre todos os seres humanos.

Como falei no começo, não quero fazer muitas análises. Mas pensei muito em como sinto que a nossa sociedade está caminhando ladeira abaixo com o desgoverno que aí está e como têm pessoas que defendem, apoiam, parecem achar que estamos no caminho certos e não problematizam de maneira mais crítica o que está acontecendo.

A motivação para esse comportamento, ao meu ver, é complexa e atravessada por várias questões sócio-culturais que não vou me debruçar no momento

Espero que possamos mudar o rumo atual dessa caminhada para que não precisemos viver coisas ainda mais bizarras do que já estamos vivendo no presente momento.

 

quarta-feira, 7 de abril de 2021

Luz na escuridão - Depoimentos sobre a temática do Abuso Sexual

 




Estarei a partir deste momento compartilhando os depoimentos que tenho recebido das pessoas que tiveram algum contato com a temática das pessoas adultas que foram abusadas sexualmente através das atividades que venho desenvolvendo.

Separarei os depoimentos em marcadores daqui do blog para facilitar achar mais rapidamente o que se está procurando.

Os marcadores serão separados entre

1 - Pessoas adultas abusadas sexualmente na infância e adolescência (PASIA) e que tiveram algum benefício no seu processo pessoal;

2- Profissionais que sentiram que se aprofundar mais sobre a temática foi significativo para sua atuação profissional;

3 - Familiares ou pessoas próximas das PASIAs que sintam que puderam ter uma compreensão melhor sobre as várias dinâmicas que envolvem a temática do abuso sexual.

É importante ressaltar que trazer esses depoimentos não tem, de nenhuma forma, o objetivo de prometer que as pessoas que entrem em contato com a temática vão ter os mesmos resultados que serão mostrados aqui. Como sempre enfatizo nas minhas falas, a maneira como cada pessoa vivencia o abuso sexual pode ser muito particular, fazendo com que a saída dessa prisão também tenha tempos e ritmos; cores e dores; barulhos e silêncios; caminhos e paisagens; quedas e saltos; conquistas e derrotas; sombras e luzes muito diferentes para cada pessoa.

Compartilhar esses relatos tem muito mais o objetivo de materializar uma esperança de que é possível ver luz na escuridão. Ao abrirmos mais espaços de escuta, acolhimento e cuidado para essa temática, podemos lidar com essa lama que já está acumulada por tantas gerações e, talvez, construir uma sociedade onde não seja tão penoso lidar com essas feridas em silêncio.

Que possamos estar juntes nessa missão.

"Uma história sobre as memórias que nos assombram e a verdade que nos liberta...”

 

Essa frase do título está na capa do filme - O príncipe das Marés (1991)

Ao trabalhar com pessoas adultas que foram abusadas sexualmente na infância e adolescência poder surgir muito o questionamento sobre o quanto é importante olhar para o passado, muitas vezes sofrido, onde aconteceu o abuso sexual.

Para algumas pessoas olhar para esse passado parece uma perda de tempo, um vitimismo infantil e desnecessário, atitude de uma pessoa pessimista que fica se apegando às coisas ruins da vida ao invés de perceber que ela não é mais uma criança e que tem que olhar para a frente ao invés de ficar “ruminando” o passado. Afinal de contas “não vai mudar em nada” ficar olhando para o que aconteceu.

Essa postura de muitas pessoas que não passaram pela situação do abuso sexual e até de várias que também passaram só dificulta uma melhor compreensão do sofrimento pelo qual muitas pessoas estão aprisionadas durante anos.

Gosto muito da frase citada no início desse post e que foi retirada da capa do filme. Ela mostra o quanto pode ser uma empreitada frustrante e exaustiva não olhar para determinadas memórias que insistem em serem lembradas e que podem tomar a pessoa de assalto em momentos bem inesperados.

Tem uma cena do filme que para mim retrata um pouco dessa dinâmica. O Tom (personagem principal), depois de algumas sessões com a terapeuta e de começar a lembrar de muitas coisas do seu passado, vai passar um tempo na sua casa e participa de uma festinha de aniversário da sua filha caçula. Neste momento, onde a sua esposa está preparando o bolo com as suas filhas, ele começa a lembrar de um aniversário dele e da irmã dele e que teve uma cena de violência pesada entre os seus pais. Ele fica na lembrança durante um tempo e consegue ainda voltar há tempo de cantar o parabéns para a sua filha sorrindo

É importante destacar que o personagem se apresenta como uma pessoa muito distante emocionalmente de tudo, nunca se permitindo se conectar verdadeiramente com nada e com ninguém.

Aqui eu levanto uma hipótese teórica de que, quando temos feridas que ainda estão muito abertas dentro da gente, precisamos, de alguma forma, evitar entrar em contato com essas lembranças e, também, com eventos do presente que servem de gatilhos para acessarmos essas dores. Talvez o Tom nunca possa ter desfrutado de um aniversário da sua filha, porque não “conseguia” correr o risco de lembrar das violências que vivia na sua infância. Logo, se afastar de tudo funciona como um mecanismo de sobreviver a tantos choques traumáticos.

Porém, nesta cena, o processo acontece de tal forma que, ao ter um suporte de alguém que o ajudava a encarar esses porões obscuros do passado, o Tom, ao se lembrar do passado, não precisa ficar negando aquela experiência dolorosa que aconteceu. Ele pôde integrar que aquele evento faz parte da sua história e ainda tem tempo de se permitir ser afetado pelo que estava acontecendo no presente.

Então, olhar para o passado não é para ficar naquele passado, mas, sim para poder se libertar de tantas amarras que nos impedem de estar mais plenamente no presente. Quanto mais podemos ter um olhar cuidadoso para nossas dores passadas, mais podemos garantir elas não nos dominarão no momento presente. Quando mais olhamos para a verdade, mesmo que seja permeada por sofrimentos, mais é possível encontrar uma liberdade dentro da nossa história.

Tenho visto isso acontecer com muitos clientes e isso é muito gratificante!

Vamos olhar mais para o que precisa ser visto?

sexta-feira, 26 de março de 2021

Palestra no I Fórum Nacional de Educação e Enfrentamento ao Abuso Sexual na Infância e Adolescência



 
Ontem eu participei do I Fórum Nacional de Educação e Enfrentamento ao Abuso Sexual na Infância e Adolescência.

Eu trouxe a temática principal do projeto Revelando-Ser: Pessoas adultas que foram abusadas sexualmente na infância e adolescência. Abordei alguns aspectos mais psicológicos e sociais que atravessam a vivências das pessoas adultas. 

Para quem não pôde assistir ontem, segue o link do canal do youtube da ONG REVIVER Araras.

Link da Palestra  

quinta-feira, 18 de março de 2021

#25| Podcast Revelando-Ser| "REVELANDO FILMES: No limite do silêncio (2001)"



 


Para escutar o episódio, clica aqui: #25| REVELANDO FILMES: No limite do silêncio (2001)

ALERTA DE SPOILER!

Os filmes que tocam na temática do Revelando-Ser têm sido um instrumento muito facilitador para que possamos compreender um pouco mais sobre toda a complexidade, nuances, desafios e possibilidades dentro do trabalho com as pessoas adultas que foram abusadas sexualmente na infância e adolescência.

Neste quinto episódio do REVELANDO FILMES conversamos sobre o filme "No limite do silêncio" (1991).

Escolhemos esse filme por sentirmos que ele toca em pontos muitos importantes para refletirmos sobre o abuso sexual contra crianças e adolescentes, bem como seu impacto no desenvolvimento da personalidade da pessoa vítima dessa violência.

Abaixo a sinopse:

Michael Hunter (Andy Garcia) é um psiquiatra que fica arrasado quando seu filho adolescente, Kyle (Trevor Blumas), se suicida. Este fato provocou a separação do casal, pois Penny (Chelsea Field), sua ex-mulher, o culpou pelo acontecido e na verdade ele também se considerava responsável pelo fato. Três anos após o suicídio, Michael não dá mais consultas e só dá palestras e escreve livros. Até que Barbara Wagner (Teri Polo), uma ex-aluna, lhe pede para examinar o caso de Thomas Caffey (Vincent Kartheiser), um garoto que foi marcado por uma tragédia familiar. Com a mãe morta e o pai preso Tommy foi para um orfanato, mas agora, quando ele está prestes para completar dezoito anos, será liberado, sendo que Barbara sente que ele ainda não está pronto. Inicialmente Michael se recusa a tratar do caso, mas gradativamente se interessa e vai conversar com Tommy. Logo que Tommy e Michael se encontram as barreiras entre médico e paciente ficam confusas, pois entre eles há mais alguém e este alguém é Kyle. (http://www.adorocinema.com/filmes/filme-36728/)

Para conhecer mais sobre o projeto, visite o site revelandoser.org, pelo Instagram @revelando_ser ou pelo e-mail revelandoser@gmail.com

Ficha Técnica

Vozes: Guilherme Assunção e Quezia Cordeiro

Edição e Vinheta: Marcelo Sena

Realização: Projeto Revelando-Ser

Gravado no dia: 11/03/2021


quarta-feira, 17 de março de 2021

A pandemia enquanto reforçadora do MEU Muro do Silêncio


Como está enfatizado no título, tudo que escreverei nesse texto falam de atravessamentos meus, sem a intenção de avaliar, julgar, criticar ou guiar outras pessoas nas suas experiências com a pandemia.

Esse título me suscita vários aspectos diferentes que poderiam ser trazidos para esse texto. Existem alguns dados mostrando que houve um aumento do número de abusos sexuais contra crianças e adolescentes ao longo desse período de pandemia. Para não ficar ainda maior o texto – quem me conhece, sabe que eu tento não falar muito...rsrs – irei deixar alguns links que podem ilustrar melhor.

Abusos contra crianças e adolescentes aumentam durante a pandemia

Abuso sexual infantil na internet aumenta durante isolamento, diz Europol

Abusos contra crianças crescem até 12 vezes na pandemia em São Paulo

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Mas não é dessas situações todas que quero falar hoje. Quero falar de um reforço muito particular, sobre o qual venho tendo clareza de maneira muito incipiente até o momento.

Desde a minha última postagem, no dia do meu aniversário, que eu não tive muita energia para voltar às redes sociais. Agradeci a maior parte das pessoas, mas fiquei sem dar resposta para tantas outras. 

No começo achei que era um certo cansaço depois de terminar o curso de extensão que eu estava facilitando ao longo daquele mês. Mas achei que logo em seguida, eu retomaria as atividades.

Eu tinha muitos motivos para isso: 

1- O término do curso para mim foi de uma potência que ainda quero falar mais sobre ele;

2- Estamos com uma segunda turma do mesmo curso para iniciar em abril; 

3- Diante do retorno de muitos participantes que querem continuar se aprofundando mais na temática, vamos realizar em junho um curso de aprofundamento com quem participou dessas duas primeiras turmas;

4- Tenho outros movimentos para fazer dentro do projeto Revelando-Ser que podem ser ainda mais realizadores e capazes de ajudar ainda mais gente.

Ou seja, eu estava muito animado, muito empolgado com tudo que estava e ainda está acontecendo nesse meu momento profissional.

Mas eis que, de repente, eu não me sinto com energia para voltar para as redes, para os grupos, para continuar no movimento que eu estava fazendo e que estava super bom. Eis que eu entro no mode off e demoro muito para retornar. Na verdade essa postagem é o que está marcando meu retorno. Duas semanas depois do meu aniversário.

Esse sumiço não foi programado, não foi desejado e, posso até dizer que não foi percebido. Simplesmente parece que os dias foram passando e eu não reapareci.

Ao ler uma postagem da minha amiga Isadora Dias (@psicologa.isadoradias), me veio forte o que eu já tinha sentido no meu aniversário e que achei que tinha passado: um sentimento de confusão e ambiguidade em relação aos meus projetos, sonhos, vida, alegrias e todo o contexto nefasto que estamos vivendo com a pandemia.

Nesta pandemia eu estou fazendo parte de um grupo que está conseguindo atravessar esse momento com muitas limitações, mas que nem se comparam com enorme quantidade de sofrimentos que tantas outras pessoas estão passando. 

Só trazendo um dado concreto mais concreto: eu não perdi nenhuma pessoa próxima de mim por conta do COVID-19. Fico apreensivo por isso todos os dias, tentando ter todos os cuidados, mas não tive essa experiência que vemos que está atingindo a tanta gente.

Tenho tentado encontrar um equilíbrio diário complexo, sofrido, frágil entre estar por dentro das coisas que acontecem, não me alienar de tudo que estamos vivendo pessoalmente, socialmente, politicamente, etc. e não me deixar abater por tantas coisas ruins, por tanta desesperança, por tanto sentimento de impotência, angústia, tristeza, revolta, etc.

Quando a pandemia pareceu ser algo que passaria logo (nem sei se existiu esse momento dentro de mim para além de uma tentativa vã de achar que as coisas não seriam tão ruins), parecia ter um sentimento de "agora não é hora de fazer determinadas coisas, agora é hora de sobreviver, de cuidar de si e de todes, na medida do possível". Parecia que outros sonhos e planos deveriam aguardar um pouco até chegar um momento mais oportuno, um momento menos urgente e sofrido, para se falar de outras coisas que não fossem diretamente relacionadas com a pandemia e todos os efeitos dessa tragédia. 

Mas o tempo veio passando e estamos no pior momento da pandemia. Aí eu volto pro começo da historinha: o que é que tem a ver tudo isso que eu estou falando com o MEU muro do silêncio?

Diante de tudo que estamos vivendo parece quase que errado eu ter estado tão empolgado, tão cheio de vitalidade e de sonhos há 15 dias atrás. Como eu falei antes, foi estranho celebrar a minha vida, quando tudo está tão rodeado de mortes.

Eu terminei o dia 03.03.2021 pulsando com tanta coisas boas que estavam e ainda estão por vir, mas em algum lugar dentro de mim eu me julguei, me condenei e sentenciei que dentro de um contexto tão sofrido não caberia tanta motivação, empolgação e alegria. "Como você pode estar tão feliz quando ao seu redor tantas pessoas sofrem?". Aí chega no Muro do Silêncio que tenho falado tanto nos últimos tempos: "Qual a importância de falar de pessoas adultas que foram abusadas sexualmente e os seus sofrimentos, quando tem tanta gente morrendo aos montes e tanta gente sofrendo por tanta coisas do momento presente?".  Já existe um muro do silêncio enorme em volta da temática do abuso sexual. Esse assunto parece nunca ter o momento "certo" de se falar sobre ele. Venho trabalhando diariamente para desconstruir essas ideias, mas me senti envolvido por elas nesse momento trágico da nossa sociedade.

É como se, diante do absurdo ao qual estamos vivendo neste momento, qualquer assunto que não fale sobre a pandemia, sobre um desgoverno que faz da morte seu projeto político, sobre estratégias de amenizar tanto o nosso sofrimento diário, beira a uma postura que não está implicada socialmente e politicamente. Qualquer fala que venha trazer outras situações, ainda mais com esse clima de empolgação que eu estava, parece ser um lugar de alienação e de não estar falando do que importa neste momento. Falar de abusos sexuais parece off-topic atualmente.

Tem um dentro de mim que não concorda com isso. Já falei sobre isso antes e reconheço o quanto as coisas que proponho são importantes e que, assim como tantas outras pessoas, tenho o direito de nutrir coisas que fazem sentido para mim. Mas tive que reconhecer que o meu sumiço das redes se deu por vários sentimentos desses que nem sequer eu os estava conseguindo nomear. Como sei racionalmente disso, parece que acredito estar imune a todo esse atravessamento de sofrimento que chega por todos os lados. Mas tive que reconhecer que essa ambiguidade fica funcionando em segundo plano, drenando parte da minha energia e entusiasmo com a minha própria vida.

Qual o nosso lugar diante disso tudo? Quanto consigo suportar vê tantos sofrimentos? Quanto me perco nesse mergulho? Como continuar sendo guarida para outras pessoas envolvido por tanta desesperança? Em que medida o meu procurar estar bem pode ser somente uma defesa para não entrar em contato com uma dor que já está mais profunda?

Teriam tantas outras perguntas.

Não tenho solução para isso no momento. Só sinto que, ao conseguir nomear para mim esse interdito, essa proibição, consigo reconhecer o quanto não faz sentido ficar paralisado e estou retomando hoje as minhas atividades, não ficando refém do meu/nosso sofrimento.

Chego mais inteiro para dar andamento a tudo que sinto dentro de mim.

Hoje à noite estaremos juntes, eu e Isa, numa live no insta dela para conversar um pouco mais sobre tudo isso.

E vocês como lidam com tudo isso?

segunda-feira, 15 de março de 2021

#24| Podcast Revelando-Ser| "O dano da violência psicológica no abuso sexual"

 


Para escutar o episódio, clica aqui: #24| O dano da violência psicológica no abuso sexual

Neste episódio continuamos a tomar como base o filme "O príncipe das marés (1991)" para refletir sobre o contexto em que o abuso sexual acontece e a importância de reconhecermos como as violências psicológicas podem agravar ainda mais os danos causados por esta situação.

Ressaltamos que ainda parece haver uma percepção social de que uma violência que não é física não é tão violenta assim, sendo necessário não subestimar o impacto que a violência psicológica pode ter na vida das pessoas adultas que passaram pelo abuso sexual na infância e adolescência.

Para conhecer mais sobre o projeto, visite o site revelandoser.org , pelo Instagram @revelando_ser ou pelo e-mail revelandoser@gmail.com

Ficha Técnica:

Vozes: Guilherme Assunção e Quezia Cordeiro

Gravação, edição e vinheta: Marcelo Sena

Realização: Projeto Revelando-Ser

Gravado no dia: 12/02/2021


quarta-feira, 3 de março de 2021

Celebrando a vida!

Hoje é meu aniversário!

E, tal como já é um pouco clichê, passei o dia pensando sobre a minha vida, sobre o que já foi vivido e para onde ela tem apontado nos últimos tempos.

Passei o dia de hoje na companhia da minha família: minha esposa, meus filhos e uma cachorrinha que tem nos tirado a paciência em muitos momentos...rs

Estranho me sentir convidado a celebrar a minha vida num momento onde a morte tem se tornado tão concreta em tantos lugares diferentes. Estranho receber tanto carinho e felicitações quando sei que muitas pessoas estão passando por situações limítrofes em suas vidas.

Mas, sem deixar de ser atravessado pela ambiguidade, me senti podendo celebrar. Passei o dia de hoje trabalhando, atendendo alguns clientes e, principalmente, organizando uma última aula que darei hoje à noite para finalizar um curso de extensão que começou há um mês.

Pensei comigo: “noite do meu aniversário e o que estarei fazendo? Trabalhando! Rsrs.

Mas não é somente trabalho.

Decidi ser psicólogo quando estava com 15 anos passando por um monte de confusões que pareciam não ter fim e foi nesse espaço que consegui me encontrar. Naquele momento escolhi o que queria fazer para o resto da vida: ajudar pessoas a passarem pelos seus momentos mais difíceis. É fato que eu não fazia lá tanta ideia de tanta coisa que estaria envolvida nessa escolha, mas fiz de maneira muito verdadeira. E isso que tenho feito de lá pra cá.

Atualmente, trabalhar com o que eu trabalho me traz um sentido maior para a vida. Logo eu, que, durante muito tempo, achei que não tinha lá muito sentido estar vivo.

Trabalhar especificamente com a temática do abuso sexual tem me preenchido de maneira muito significativa nos últimos anos.  Eu me sinto realizado a cada pessoa que tenho podido ajudar, a cada profissional que consigo tocar para despertar mais reflexões no intuito de promover, a longo prazo, uma mudança maior na sociedade em relação a este tema. Este tema me toca de várias maneiras, desde um lugar mais profissional, até atravessando a minha vida por estar tão próximo de mim, na minha família, amigos muito próximos, etc.

Com esse curso de extensão, e outros desdobramentos que já estão vindo com ele, sinto que começo a alcançar ainda mais pessoas, começo a me sentir ainda mais realizado e faz todo o sentido do mundo, comemorar meu aniversário dando mais passos nessa direção.

Quero muito agradecer ao pessoal do @conexaoformativa pelo convite, por abrirem espaço para esse movimento todo acontecer fora e dentro de mim.

Há quem diga que um mês que antecede o dia do aniversário é um momento de muitos desafios... Eu tive sim alguns deles. Mas foi mais significativo ter passado esse período preparando, incentivando, nutrindo, organizando e compartilhando tudo que tem feito muito sentido para mim com outras pessoas e ver no retorno delas o quanto aquilo também fazia sentido para elas.

Então, ao pensar no passado, presente e futuro, sinto uma sensação de contentamento, de poder seguir o fluxo da vida com mais leveza e direção. Já foi tudo muito difícil e quero muito poder ajudar outras pessoas a sentirem que a vida pode ter muito mais sentido do que tem nesse momento. Por isso escolhi a imagem da postagem. É um pouco disso tudo que esse processo descreve.

Gratidão a todes que contribuíram comigo durante essa jornada!

Simbora que a aula está quase começando! Rsrs

Em breve trago outras novidades!


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

#23| Podcast Revelando-Ser| "REVELANDO FILMES: O príncipe das marés (1991)"


Para escutar o episódio, clica aqui: #23| REVELANDO FILMES: O príncipe das marés (1991)

ALERTA DE SPOILER!

Os filmes que tocam na temática do Revelando-Ser têm sido um instrumento muito facilitador para que possamos compreender um pouco mais sobre toda a complexidade, nuances, desafios e possibilidades dentro do trabalho com as pessoas adultas que foram abusadas sexualmente na infância e adolescência.

Neste quarto episódio do REVELANDO FILMES conversamos sobre o filme "O príncipe das marés (1991).

Escolhemos esse filme por ele retratar muitas coisas que já estamos falando nos demais episódios do podcast, seja sobre a força do segredo que envolve o abuso sexual, ou ainda questões referentes a um processo terapêutico da pessoa adulta, incluindo também um olhar mais atento para as dificuldades que os homens passam ao terem sido abusados sexualmente na infância e adolescência. 

Abaixo a sinopse:

Tom Wingo (Nick Nolte) é um treinador de futebol americano desempregado da Carolina do Sul, que vai a Nova York apoiar a irmã, uma poetisa, que tentou o suicídio. Lá ele se envolve com Susan Lowenstein (Barbra Streisand), a psiquiatra que cuida dela, mas seu casamento em crise e seus filhos, além de um terrível segredo de família, perturbam sua mente. (http://www.adorocinema.com/filmes/filme-59396/)

Para conhecer mais sobre o projeto, visite o site revelandoser.org, pelo Instagram @revelando_ser ou pelo e-mail revelandoser@gmail.com

Ficha Técnica

Vozes: Guilherme Assunção e Quezia Cordeiro

Edição e Vinheta: Marcelo Sena

Realização: Projeto Revelando-Ser

Gravado no dia: 03/02/2021


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

"Aquela tarde nunca acabou..." - Jogo Perigoso (2017)


 TRECHO DO FILME

"- A questão, Jessie, é que você se casou com a única dinâmica que conhecia. Você era uma garota, ele era um homem. Nunca conseguiu escapar disso. Aquela tarde nunca acabou.

- Já não basta eu estar aqui? Também preciso estar lá? De novo?!

- Me diga você...

 Falar sobre as pessoas adultas que foram abusadas sexualmente na infância e adolescência implica em lidar com uma série de complexidades que nem sempre são fáceis de serem trabalhadas dentro de um processo psicoterapêutico.

Esta cena do filme Jogo Perigoso (2017) retrata uma dinâmica que tenho acompanhado nos processos de muitas pessoas adultas que me procuram.

Na cena, Jessie (personagem principal) é uma mulher adulta que passou por uma situação de abuso sexual bem no início da adolescência e, como a maior parte das crianças e adolescentes que passam por essa situação, não teve a possibilidade de elaborar esse fato quando aconteceu, guardando esse segredo por toda a vida. O diálogo citado acontece quando uma personagem do filme que conhece a Jessie muito bem diz que ela ainda vivia aprisionada naquele passado. E que, mesmo ela não pensasse sobre o abuso sexual, tinha feito várias “escolhas” da sua vida influenciada por aquele evento. A personagem insiste para que Jessie olhe para o seu passado para encontrar a saída da prisão bem concreta que estava vivendo no momento presente.

Volto para as pessoas que me procuram. Muitas pessoas adultas abusadas sexualmente na infância e adolescência desenvolvem uma série de consequências durante a sua vida que tem uma relação íntima com aquele evento do passado. Porém, fez parte do movimento de sobrevivência desta pessoa não olhar para aquela experiência para não sofrer ainda mais. Logo, aquela criança ou adolescente se torna uma pessoa adulta que carrega uma série de comportamentos sem nem conseguir entender que estes são um desdobramento de algo que parecia ter ficado lá atrás, mas torna-se presente em vários momentos da vida.

Na psicoterapia com estas pessoas, quando o abuso sexual começa a aparecer como algo mais significativo, é muito comum que elas sintam dificuldades em dar o espaço necessário para que essa demanda surja com mais nitidez. Tal como a Jessie do filme, a pessoa já está se sentindo muito mal por estar vivendo situações de depressões, ansiedades, dificuldades nos relacionamentos afetivos e sexuais, baixa autoestima, ideações suicidas, etc. Quando a psicoterapia caminha para adentrarmos nessas memórias do “passado”, a pessoa adulta pode se sentir ainda mais desolada. Tal como a Jessie pode perguntar: “Já não basta todo o sofrimento que tenho sentido na minha vida atualmente? Eu ainda tenho que lembrar daquelas situações do passado. Justamente aquelas que eu passei a vida toda tentando esquecer?!”

Responder a esse questionamento não é fácil. É como se a pessoa sentisse que é coisa demais para ela dar conta de uma vez só. E ela tem razão! Por isso que, em muitos processos terapêuticos, é preciso se ter um tempo maior para que se compreenda o impacto que um abuso sexual teve na vida de quem passou por ele e seus desdobramentos naquela pessoa adulta que me procura.

Tal como no filme, muitas vezes é necessário revolver este passado para encontrar as chaves que podem nos ajudar a lidar melhor com as prisões que vivenciamos no momento presente. E é importante que tanto o profissional quanto o cliente saibam que os primeiros momentos de entrar em contato com essa demanda silenciada por tantos anos podem ser muito desafiantes. Pode parecer até que as coisas estão piorando ao invés de melhorar. Mas tenho podido acompanhar várias pessoas e constato que, após esse deserto inicial, em muitos casos é possível para a pessoa ir encontrando, aos poucos, um lugar melhor consigo mesmo e com a sua própria história.

Que possamos, enquanto profissionais e pessoas, nos disponibilizar a entender mais dessas complexidades para podermos facilitar que as pessoas adultas que foram abusadas sexualmente na infância e adolescência possam saírem mais dos seus isolamentos, dos seus silêncios.


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

#22| Podcast Revelando-Ser| "Presença Facilitadora: Um lugar de escuta e acolhimento"



Para escutar o episódio, clica aqui: #22| Presença Facilitadora: Um lugar de escuta e acolhimento

Neste episódio retomamos um pouco do episódio #17, onde falávamos sobre como as pessoas próximas poderiam ajudar às pessoas adultas que foram abusadas sexualmente na infância e adolescência. 

Conversamos sobre as três atitudes facilitadoras propostas por Carl Rogers no intuito de explicitar melhor o que está na base da nossa escuta e postura diante das pessoas que nos procuram.

Importante ressaltar que esse episódio não é feito somente para os psis. Sentimos que todas as pessoas podem se beneficiar ao conhecerem um pouco mais do que o Rogers propõe, enquanto um jeito de ser e de relacionar com as outras pessoas.

Para conhecer mais sobre o projeto, visite o site revelandoser.org , pelo Instagram @revelando_ser ou pelo e-mail revelandoser@gmail.com

Ficha Técnica:

Vozes: Guilherme Assunção e Quezia Cordeiro

Gravação, edição e vinheta: Marcelo Sena

Realização: Projeto Revelando-Ser

Gravado no dia: 22/01/2021

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Minha saúde mental também é social e política



Gravar o último podcast não foi fácil! 

Na sexta feira passada, dia 15.01 gravamos mais um episódio do podcast do projeto Revelando-Ser. Ele foi publicado no dia 21.02.21 (LINK)

Para quem não conhece, o objetivo desse projeto é desconstruir o muro do silêncio que existe em volta das pessoas adultas que foram abusadas sexualmente na infância e adolescência.

Inspirados pela campanha do Janeiro Branco, nos planejamos para falar de aspectos que dizem respeito ao abuso sexual e que influenciam diretamente na saúde mental das pessoas que passam por essa situação.

Porém, naquela sexta eu acordo vendo as várias notícias da situação que estava acontecendo em Manaus. Saber que pessoas estavam morrendo por falta de oxigênio depois de tanto tempo de pandemia, foi muito difícil. Um sentimento ruim gritou dentro de mim. Na verdade, o que ficou pesando em mim não foi somente esse evento, mas sim, tudo que vem acontecendo nos últimos anos no nosso país e que vem se intensificado ainda mais durante o desgoverno atual e a pandemia. Eu comentei com algumas pessoas próximas que a pior e mais destrutiva variação do coronavírus era o COVID-17 (fazendo alusão ao antigo partido do atual presidente. É um desgoverno tão grande que nem partido ele tem. É tão bizarro que fica até difícil fazer a piada).

Foi difícil para mim pensar em falar sobre as questões referentes ao abuso sexual diante de tanto absurdo que tem acontecido atualmente na nossa sociedade, no nosso país, na nossa política.

Lembrei de um vídeo da Rita Von Hunty sobre o setembro amarelo (LINK), onde ela inicia o vídeo dizendo porque ela estava triste e todos os motivos tinham de pano de fundo nossa crise política, social, ambiental, financeira, etc. Ao ser recomendada cuidar da saúde mental dela, ela manda a pessoa ir à merda...rs. Ela fala posteriormente, entre outras coisas, o quanto as discussões acerca da saúde mental fazem parte de um ethos neoliberal que tende a colocar todo o peso do sofrimento que as pessoas sentem como uma responsabilidade do indivíduo sem problematizar o contexto social no qual este mesmo indivíduo está inserido.

A psicologia parece ainda ter que fazer um esforço grande para se libertar desse ranço individualista, que parece falar das pessoas de um ponto de vista particularizado, como se as pessoas fossem encapsuladas numa bolha fechada e que não estivessem construindo suas subjetividades a partir de uma inserção e vivência dentro de contexto histórico, grupal, social e político. Parece que ainda estamos muito querendo saber o que aconteceu na biografia de cada pessoa, como foi a relação com o passado, com o pai e a mãe, para poder avaliar os impactos que isso vai ter na saúde mental de cada um.

Não é que essas coisas deixaram de ser importantes. O tema do abuso sexual não deixou de ser muito importante. Mas, para mim, foi muito difícil falar sobre saúde mental no podcast por que naquele dia, especificamente, eu estava sentindo minha saúde mental no limite, totalmente afetada por questões que extrapolam minha individualidade, a minha biografia, o “meu” cuidado com a “minha” saúde mental.

Como falar em saúde mental atualmente sem arregaçar o que está acontecendo politicamente no nosso país? É importante que cada pessoa cuide de si para fazer o melhor para o outro. Tá bom. Concordo. Mas dentro de um contexto de tantas mortes, tantas violências, tanto descaso, de tantas desigualdades, fica difícil sustentar esse discurso sem angústia.

Sem contar que, por conta dessas mesmas desigualdades, parece bem hipócrita, e porque não dizer perverso, sustentar um discurso de cuidados com a saúde mental quando sabemos que o acesso aos espaços de cuidados de saúde mental não está disponível igualmente para todas as pessoas independente de qual grupo social ela pertença.  

E novamente vou frisar que minha angústia não era por mim individualmente. Neste momento posso reconhecer tantos lugares de privilégios que tive ao longo da minha biografia e que me permitiram estar numa situação muito menos vulnerável a tudo que está acontecendo no nosso país. Sou um homem hétero, cis, não sou negro, com um curso superior, trabalhando como autônomo sem sair de casa como psicoterapeuta. Falar de saúde mental dentro desse contexto é muito diferente do que tantas outras experiências que a maior parte das pessoas do nosso país vivem.

Então, se não tivermos cuidado os nossos discursos e movimentação nas redes sociais, mesmo que bem-intencionados, podem ser bem alienantes ao falaram de saúde mental de um lugar acrítico, atemporal, sem classe social, raça, gênero, etc.

Voltando ao tema do projeto: Não dá para discutir o abuso sexual, sem entender que essa violência acontece dentro de um contexto sócio-cultural machista, patriarcal, de impunidade para uma boa parte dos autores. Um movimento de culpabilização da vítima; um movimento retrógrado e conservador que não acha importante falar sobre educação sexual nas escolas; um discurso que diz que a família que tem que proteger as crianças, quando já tem escancarado que a maior parte das violências contra crianças e adolescentes acontecem dentro do seio familiar. Ao escutar uma pessoa abusada sexualmente eu escuto a dor dela enquanto indivíduo, mas escuto toda uma estrutura pesada e opressora que serve de propulsor dessas e de tantas outras violências.

Não vou dizer para vocês que não concordo com a campanha, tanto que gravamos o podcast mesmo assim. Mas redirecionamos o tema para falar de como é difícil ser um cuidador da saúde mental nesse momento quando estamos sendo atravessados por todas estas questões políticas e sociais. Acho que precisamos sim falar de saúde mental. Acho que o janeiro branco pode ajudar em muitos aspectos por ser um momento social onde se promove muitas reflexões. Só sinto que precisamos ter um fôlego maior para nos problematizar enquanto sociedade num sentido mais macro mesmo.

Precisamos fazer isso para entender que o adoecimento das pessoas acontece dentro de um tecido social do qual fazemos parte e que se não o problematizarmos estamos querendo fazer parte da solução por um lado, mas também somos bem parte do problema por outro.

Machismo em forma de "romance"

 



#voceescutaoquecanta?

Começo atirando no próprio pé! Estarei trazendo muitos sambas porque é o gênero musical que mais conheço e escuto e que tem muitas coisas boas e outras nem tantas assim. Essa já foi uma música que cantei muito e que foi feita por dois artistas que muito admiro que é o Luiz Carlos da Vila e o Cléber Augusto.

Vamos lá!

Romance dos astros (Luiz Carlos da Vila, Cléber Augusto e Jorge Carioca)

Sonhei que um dia
O astro rei à Terra descia
Secava as águas do mar e não mais anoitecia
Só voltava a chover, a noite e as estrelas
Se a lua fosse a sua companheira

Irredutivelmente ela dizia não
E Saturno em vão lhe ofereceu anéis
Ela nem ligava para a estrela D'alva
E nem ouvia a súplica dos menestréis

E o sol ficava mais e mais abrasador
Cego de amor, aí eu me queimei
No auge da trama eu caí da cama
O galo cantou, feliz eu acordei

.

Ao cantar essa música recentemente senti um certo incômodo. Comecei a tirar os astros da música, passando a identificar pessoas se relacionando e não pude deixar de acreditar que a trama cantada se passava entre um homem e uma mulher. Já recebi mulheres no meu consultório que falavam de situações que a música retratava, de uma certa forma.

O que me intriga na construção da música é que para mim a figura do sol exerce uma relação totalmente abusiva em relação à lua e isso é romantizado. Já escuto o que algumas pessoas podem falar: “ah, deixa de ser chato! Isso foi só a inspiração do compositor. Não tem nada a ver com a realidade!”

Entendo que se possa falar isso, mas ao mesmo tempo é estranho imaginar que não exista uma personificação desses personagens da trama baseado em alguma realidade nossa. Ainda mais quando sabemos que dentro da nossa estrutura social machista, muitos homens se comportam exatamente igual a esse sol. Exatamente sentindo-se como um “astro-rei”, quase o centro do universo, onde não sabem receber um não, principalmente das mulheres. Homens que se sentem detentores dos corpos, das escolhas, dos destinos das mulheres. Sejam elas suas companheiras ou não. Que não aceitam um término de uma relação e passam a violentar as mulheres de várias formas diferentes, podendo chegar inclusive ao assassinato.

Aí paro um pouco de escrever e jogo no google algumas palavras para fazer uma busca: “Homens não aceitam final do relacionamento” e a palavra “machismo”. O terceiro link que aparece é de 24.10.2018 e fala de uma pesquisa que estava em andamento, descrevendo que cerca de 50% dos casos de feminicídios acontecidos entre o ano de 2015 e 2018 era porque os homens não aceitavam o pedido de separação da vítima.

https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2018/10/24/metade-fe0minicidios-homem-nao-aceita-separacao.htm

Será que realmente não existe algo grave sendo cantado?

Um dos pontos que eu acho interessante na narrativa do sonho é como se faz um apelo bem explícito de se culpabilizar a vítima porque “irredutivelmente dizia não”. Com direito a manipulações e chantagens emocionais que podem ser vistas no cotidiano das relações entre casais. Imaginem, por exemplo, como deve ser difícil culpar uma mulher que está numa situação abusiva com o seu companheiro e pedir para ela não se separar pensando no bem da família, caso eles tenham filhos? A mulher tem que pensar na estrela Dalva, aceitar ser comprada por saturno ou ouvir a súplica dos menestréis.

E o sol? Não é problematizado, afinal de contas ela estava cego de amor. Não tinha nada a fazer a não ser destruir um bocado de coisas para ter o seu desejo atendido...

Isso e tantas outras coisas podiam ser pensadas.

É importante frisar que, a partir do que eu escrevo, eu não acho que os compositores da música concordam com este tipo de prática, que eles acham certo esse tipo de postura na sociedade. Vejo a letra muito mais como um sinal, um indicativo, uma pequena amostra de uma cultura, de um tempo, onde determinados comportamentos eram e ainda são tão naturalizados que inclusive viram músicas que muitas pessoas cantam sem nem se aperceberem que podem estar reforçando práticas de opressões e violências.

Porém, por mais que eu não possa falar sobre qual é o lugar de quem compôs a letra, acho importante poder analisar essas músicas a partir de uma reflexão mais atual sobre essas relações de poder e ir desconstruindo estruturas que continuam sustentando e, talvez, até produzindo novas subjetividades que ainda estão ligadas a estes valores tóxicos para a sociedade como um todo.  

Em tempos de pandemia, não faço a mínima ideia de quando poderei participar novamente de uma roda de samba ou de algum show em que essa música possa ser tocada. Mas me fantasiei estando nessa situação e gritando ao final dela: Não é não!

Talvez ninguém entendesse...


#21| Podcast Revelando-Ser| "Janeiro Branco: Cuidando da saúde mental de quem cuida"


Para escutar o episódio, clica aqui:
#21| Janeiro Branco: Cuidando da saúde mental de quem cuida

Nosso primeiro episódio do ano!

Inspirados pela campanha Janeiro Branco, decidimos conversar sobre cuidados com a saúde mental. 

Porém, diante de um tema tão amplo, resolvemos falar mais especificamente sobre a importância dos cuidadores da saúde mental também estarem se cuidando nesse momento difícil em que estamos vivendo. Falamos sobre como, mesmo com a formação e experiência que temos no cuidado com as outras pessoas,  também somos impactados por várias questões que estão acontecendo atualmente na nossa sociedade.

Estar no lugar de cuidador muitas vezes é muito desafiante. Ainda mais quando se trata da temática do projeto, ou durante este tempo de pandemia, ou ainda diante de tudo que tem acontecido neste momento político que estamos atravessando.

Para conhecer mais sobre o projeto, visite o site revelandoser.org , pelo Instagram @revelando_ser ou pelo e-mail revelandoser@gmail.com

Ficha Técnica:

Vozes: Guilherme Assunção e Quezia Cordeiro

Gravação e edição: Marcelo Sena

Realização: Projeto Revelando-Ser

Gravado no dia: 15/01/2021

#20| Podcast Revelando-Ser| "Revelando-Ser: Um olhar centrado na pessoa"



 

Para escutar o episódio, clica aqui: #20| Revelando-Ser: Um olhar centrado na pessoa

Hoje trazemos o último episódio do ano de 2020!

Este episódio foi gravado antes do Natal do ano passado, mas, devido ao recesso dos profissionais do Projeto, só pudemos publica-lo gora. Estamos muito felizes com a realização e manutenção do nosso podcast ao longo desse ano. Apesar de todas as dificuldades que o ano de 2020 trouxe em vários níveis, realizar o podcast foi uma ação muito significativa para nós do projeto e que muito tem nos motivado.

E, para finalizar o nosso ano, trouxemos um assunto que sempre está em todos os episódios anteriores, que guia a nossa atuação profissional, mas que nunca falamos de maneira mais direta aqui no podcast: A Abordagem Centrada na Pessoa - ACP.

No episódio de hoje convidamos você a conhecer um pouco mais dessa teoria que tanto serve de base para realizarmos o Projeto Revelando-Ser, como também se caracteriza como uma filosofia de vida que buscamos vivenciar na nossa vida pessoal. Ressaltamos ainda que não se trata de um conhecimento que só pode contribuir para quem é da área psi. A ACP pode ajudar qualquer pessoa a pensar em como se relaciona consigo mesma e com o mundo.

Esperamos que possamos estar ainda mais próximos nesse ano de 2021, buscando, juntos, contribuir ainda mais para a desconstrução do Muro do Silêncio em torno das pessoas adultas que foram abusadas sexualmente na infância e adolescência.

Para conhecer mais sobre o projeto, visite o site revelandoser.org , pelo Instagram @revelando_ser ou pelo e-mail revelandoser@gmail.com

Ficha Técnica:

Vozes: Guilherme Assunção, Luana Melo e Quezia Cordeiro

Gravação e edição: Marcelo Sena

Realização: Projeto Revelando-Ser

Gravado no dia: 19/12/2020

#19| Podcast Revelando-Ser| "Festas de fim de ano: Tudo bem não estar bem..."



Para escutar o episódio, clica aqui: #19| Festas de fim de ano: Tudo bem não estar bem... 

No episódio de hoje tivemos a entrada de mais uma integrante do Projeto Revelando-Ser. Nossa assistente social, Luana Melo. Seja bem-vinda, Lua!

Hoje conversarmos sobre este momento que se aproxima: as festas do final de ano.

Refletimos sobre o quanto pode ser difícil para as pessoas adultas que foram abusadas sexualmente na infância e adolescência participarem desse momento onde existe um grande apelo social para a celebração, confraternização, felicidade, agradecimento, star com a família, etc.

Muitas pessoas que carregam dores profundas, inclusive tendo algumas delas origem na própria família, talvez não consigam se encaixar tão facilmente nesse clima que é gerado socialmente.

Para conhecer mais sobre o projeto, visite o site revelandoser.org , pelo Instagram @revelando_ser ou pelo e-mail revelandoser@gmail.com

Ficha Técnica:

Vozes: Guilherme Assunção, Luana Melo e Quezia Cordeiro

Gravação e edição: Marcelo Sena

Realização: Projeto Revelando-Ser

Gravado no dia: 10/12/2020

#18| Podcast Revelando-Ser| "CERCCA - Um espaço de escuta e cuidado para as crianças, adolescentes e suas famílias em Recife"

 


Para escutar o episódio, clica aqui: #18| CERCCA: Um espaço de escuta e cuidado para as crianças, adolescentes e suas famílias em Recife

Nos dois últimos episódios fizemos uma fala que não era somente direcionada às pessoas adultas que foram abusadas sexualmente na infância e adolescência. Buscamos incluir na nossa reflexão as pessoas que têm algum vínculo afetivo, de proximidade e de convivência com as pessoas adultas que foram vítimas.

Posteriormente pensamos: e as pessoas que convivem com crianças e adolescentes? 

Pensamos em conversar também sobre como  é difícil lidar com a situação do abuso sexual quando ele está acontecendo, no momento presente, com alguma criança que você conheça ou que está sob sua responsabilidade.

Apesar do foco do nosso trabalho ser com pessoas adultas, sentimos que é imprescindível refletirmos sobre o universo infantil onde aconteceram as situações dos abusos sexuais.

E para nos trazer essa aproximação com esse universo convidamos novamente o psicólogo João Villacorta, que trabalha há 13 anos no CERCCA - Centro de Referência para o Cuidado de Crianças, Adolescentes e suas famílias em situação de violência.

A partir da sua experiência, João nos convida, de maneira muito sensível e cuidadosa, a refletir sobre alguns pontos importantes do trabalho com as crianças e os adolescentes, bem como com as suas famílias.

Foi muito bom saber que na nossa cidade tem um trabalho do como o do CERCCA e demais instituições parceiras que tecem essa rede de proteção e cuidados.  

Esperamos que esse episódio possa ajudar às pessoas que convivem com crianças e adolescentes que estão passando por uma situação de abuso sexual a procurarem conhecer um pouco mais dessa rede de proteção, que possam saber que não estão sozinhas e isoladas para lidar com esta situação tão delicada e confusa.

Para conhecer mais sobre o projeto, visite o site revelandoser.org , pelo Instagram @revelando_ser ou pelo e-mail revelandoser@gmail.com

O CERCCA fica na Policlínica Lessa de Andrade, no bairro da Madalena, na cidade do Recife. Telefone: 3355-7802. Email: cerccasaude@gmail.com

Ficha Técnica:

Vozes: Guilherme Assunção, João Villacorta e Quezia Cordeiro

Gravação e edição: Marcelo Sena

Realização: Projeto Revelando-Ser

Gravado no dia: 24/11/2020

# 17| Podcast Revelando-Ser| "REVELANDO FILMES: Bliss - Terapia do Prazer (1997)"


Para escutar o episódio, clica aqui: #17| REVELANDO FILMES: Bliss - Terapiar do Prazer (1997)

ALERTA DE SPOILER!

Os filmes que tocam na temática do Revelando-Ser têm sido um instrumento muito facilitador para que possamos compreender um pouco mais sobre toda a complexidade, nuances, desafios e possibilidades dentro do trabalho com as pessoas adultas que foram abusadas sexualmente na infância e adolescência.

Neste terceiro episódio do REVELANDO FILMES conversamos sobre o Bliss - Terapia do Prazer (1997).

Escolhemos esse filme para dar continuidade a nossa fala do episódio anterior, onde conversamos sobre os desafios que as pessoas próximas das vítimas de abuso sexuais também passam quando querem ajudar a minimizar o sofrimento causado pelo abuso sexual.

Abaixo a sinopse:

O recém-casado Joseph (Craig Sheffer) ama imensamente Maria (Sheryl Lee), sua mulher, mas fica chocado quando em uma sessão conjunta de terapia ela confessa que sempre fingiu os orgasmos. Ele fica mais transtornado ainda ao descobrir acidentalmente que ela freqüenta a clínica de um médico, Baltazar Vincenza (Terence Stamp), que tem sexo com as pacientes como parte da terapia. Ele procura o consultório do terapeuta e o ameaça, dizendo para ele ficar longe de Maria, mas logo muda de comportamento e pede que Baltazar o oriente a ajudar Maria. O que ninguém sabe é que ela esconde um traumático segredo. (http://www.adorocinema.com/filmes/filme-4233/)

Para conhecer mais sobre o projeto, visite o site revelandoser.org, pelo Instagram @revelando_ser ou pelo e-mail revelandoser@gmail.com

Ficha Técnica

Vozes: Guilherme Assunção e Quezia Cordeiro

Edição e Vinheta: Marcelo Sena

Realização: Projeto Revelando-Ser

Gravado no dia: 13/11/2020