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02.08.2012
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Não. Não estou fazendo terapia de regressão...rs
Só estive vasculhando, a partir de algumas trocas com a minha irmã, sobre algumas coisas que escrevia no passado e resolvi postar.
Acredito que muitas das coisas deste texto ainda fazem sentido pra mim.
Abraços
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Dualismo 25/07/03
Andei pensando como encaro e vivencio o amor
Percebo que o mesmo aparece-me de uma forma dual
Dois tipos de sentimentos distintos de fato
Digo distinto pra não dizer contraditório
Pois há um imenso abismo separando um e outro
Tem o tipo de amor que estou plenamente identificado
Também pudera, sinto-me partícipe de uma cultura
Onde a maioria das pessoas exalta este tipo de amor
Um amor mesquinho, do tipo bem EGO-ísta
Amor uniforme: “só poderei te amar se estiveres comigo”
Mergulhado neste tipo de amor, acabo esquecendo-me
Que o amor por ser o fundo de todas as coisas
Pode assumir as mais diversas formas
Amor de posse, amor exclusivista
Que pelo fato de ser uniforme
Depende incondicionalmente do outro
Amor que faz sofrer, tanto a si como ao próximo
Amor que não aceita o outro
Amor que não confia, amor Carrasco/Vítima
Amor que cobra: “você tem que suprir todas as minhas expectativas”
Pronto, acho que exagerei na depreciação do amor
Mas foi pra tentar mostrar o quão fica incoerente
A palavra “amor” com a maneira que eu o vivencio
Prefiro renomear este tipo de sentimento
Talvez seja mais certo chamá-lo de Apego
O que achamos no fim do Apego?
Acho que acabamos encontrando mais ap-EGO
E no apego, cada vez mais me pego com mais apego ao meu ego
Como já disse, é com este tipo de sentimento que me identifico
Mas a medida que fui me relacionando com as pessoas
Este modelo foi perdendo a densidade e até a coerência
Sinto que este modelo decadente está abrindo mais espaço
Para novas experiências, para outros conceitos chegarem
Conceitos estes que ainda parecem-me utópicos, longínquos
Mas que cada vez mais, vêm mostrando-me resquícios de paz
Talvez seja este tipo de amor que almejo
Este amor lembra-me o título de um livro
Eu acho que era este: “Amar, verbo intransitivo”
Um amor que não sofre pelo outro
Mesmo que este não queira mais estar comigo
Amor que confia que o outro está procurando
O que é melhor pra ele, sem que isso signifique
Que eu não tenho valor algum
Amor que consegue amar sem ser subjugado pela posse
Amor que não deixa de amar de forma alguma
Uma pessoa que não seja mais sua parceira
Conseguindo preservar o que houve de bom na relação
Amor que aceita as pessoas, amor que compartilha
Amor que só depende de mim, de minha capacidade de amar
Observando Apego e Amor, parece-me impossível
Sair das malhas do primeiro para experimentar o segundo
Talvez tenhamos que abrir mão do apego para chegarmos ao amor
E eis que consegui arranjar uma ponte pra mim
Uma ponte que deveras deve sempre ser reforçada
Que pode me ajudar a transpor um para chegar ao outro
Acho que o que pode encurtar a distância entre estes dois mundos
É cada vez mais você procurar o amor próprio
Há muito que um grande sábio nos alertou
A impossibilidade de dar amor a alguém quando não nos amamos
Mais de dois milênios passaram-se e até hoje
Parece-me que ninguém entendeu quase nada
Amor-Próprio, eis a chave que achei pra mim
Amor que me ajuda a aceitar como eu sou
Aceitando todas as formas que as pessoas possas assumir
Amor que confia no meu movimento de vida, sabendo que ta tudo certo
Liberando o outro para que ele faça seu próprio caminho
Amor que leva-me das garras da culpa ao perdão
Sentindo-me assim grato pelo simples fato de estar vivo
E feliz por estar com as pessoas que gosto
De uns tempos pra cá venho me pegando mais e mais
Rindo de tudo e de nada, muito em paz comigo
Sinto-me feliz pelo simples fato de não me sentir
Tão cúmplice do me próprio sofrimento
Procurando sempre estar melhor comigo mesmo
Agindo assim estou bem melhor com todas as pessoas
Amor que por ser amor-próprio
Não tem que sair atrás de compensações
Exigindo que todos nos dêem algo
Que eles nunca poderiam nos dar
Amor que sabe aproveitar o que tem
Ao invés de se preocupar com o que falta
Ainda estou muito longe de poder afirmar que me amo
Mas como é maravilhoso ter uns surtos desses vez ou outra
E por alguns instantes acreditar que podemos ser felizes
Vou atrás de mais uma crença que acho positiva
Se depois também ela se mostrar incoerente
Aproveito o que dela puder aprender e procuro outras crenças
E se tudo isso não passar de besteiras de uma mente idealista
Pelo menos já me valeu e muito o imenso prazer
Que tive enquanto estava escrevendo...
Guilherme Assunção.
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